Uma Lua, muitos significados.

A Lua é um dos luminares, juntamente com o Sol, e é um dos astros errantes que rodeiam o nosso planeta, isto no ponto de vista da Terra, obviamente.

A Lua tem inúmeros significados, tantas associações míticas que se perderam no tempo, tanto significados psicológicos, iniciáticos, médicos, humanos ou familiares, como a relação com a mãe na nossa estrutura pessoal. Falar de Lua na Astrologia Integrada, como a vemos aqui na Escola de Astrologia Hermética, é olhar para todas as significâncias e integrá-las num conhecimento mais abrangente.

Sabendo que Lua tem um ciclo quaternário e duas faces, implica  consequentemente uma importante noção de ambivalência no processo individual, sendo que para entender essa ambivalência devemos olhar para a sua simbologia ancestral.

Mitologicamente poderemos associar a Lua à Deusa romana Diana, à Deusa grega Selene ou Ísis se abordamos a linhagem egípcia, Kuan Yin na perspetiva taoista.

Cada uma das épocas, povos ou culturas absorveu um mito, uma designação local, uma adaptação geográfica, mantendo-se, no entanto, a representação arquetípica associada à natureza, como observamos também em Yemanjá ou na linhagem africana Yorubá, a representação da Grande Mãe e do Grande Mar.

Em cada momento da nossa história planetária, da nossa evolução cultural, manteve-se a analogia e a integração do conceito de Deusa Oculta, a que nunca desvenda tudo, mas que tudo sabe.

É a regente do signo de Caranguejo, torna-se maleável e representa uma das 7 leis metafísicas como a incerteza e inconstância. O ritmo dos seus ciclos marca uma vibração ao longo do mês e do ano, e surgindo nos céus durante a noite é representação do noturno, contrapondo como Sol que rege o diurno.

Classicamente é uma energia fleumática quando associada aos humores de Hipócrates no Séc.IV a.C., estando representada em pintura pelo artista Albrecht Dürer com o Apóstolo São Marcos e fazendo assim uma analogia bíblica com o corpo.

Também pela linhagem médica encontramos várias associações à Lua, sendo que a analogia, na Medicina Tradicional Chinesa é feita com os designados líquidos orgânicos, os Jin Ye, e ao sangue, o Xué. Isso permite-nos, por exemplo, observar um mapa natal, e através do posicionamento lunar ou a forma como a Lua está aspetada, intuir padrões de tendência genética para determinadas maleitas.

Segundo a Kabbalah e na representação da árvore da vida, a Lua está no pilar da vontade e da harmonia, no pilar do centro, representada pela Sephirot Yesod, com a designação de fundação. É uma das bases do Ego, associada ao apego emocional, existindo um contraponto com outra forma de apego, a Avareza de Saturno. O seu demónio é a preguiça, com o nome original de Acídia, e estes dois planetas (Saturno e Lua), na base e no topo da árvore, representam duas portas opostas do mesmo corredor.

A tradição diz-nos que a Lua é uma das peças fundamentais no processo evolutivo, de trabalho do Ego, num processo que deverá, ou pelo menos deveria, ser vivencial e nunca mental ou teórico, para que haja efetiva aprendizagem e transformação.

Assim, em cada lunação temos uma nova oportunidade, ao longo das 13 (o arcano do tarot conhecido como a Morte) que acontecem durante ano, e nos seus ciclos de 19 anos (o arcano do tarot conhecido como o Sol), refazer e executar de forma diferente determinados processos até conseguirmos a excelência e concretização dos mesmos. Abdicando do mais difícil, do Poder que este elemento poderá trazer.